quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Sem manutenção nem fiscalização, irrigação em Livramento corre risco


Chegou ao conhecimento do O Mandacaru que os próceres do PMDB, na Bahia, deputado federal Lúcio Vieira Lima e seu irmão e ex-ministro Geddel Vieira Lima teriam se irritado com o correligionário Amâncio Lima Aguiar por ter se beneficiado com a cessão irregular de terra e tubos de irrigação do Departamento Nacional de Obras Contra a Seca (DNOCS), em Livramento de Nossa Senhora, Bahia. Amâncio Lima Aguiar, além de assessor especial do prefeito local, Carlos Roberto Souto Batista, igualmente do PMDB, é ainda presidente do diretório municipal do partido.

A apropriação indevida da tubulação, como já divulgado neste site, é recente, mas a ocupação irregular de área do DNOCS teria ocorrido em 2009, justamente quando Geddel Vieira Lima era o ministro da Integração Nacional, ao qual o DNOCS é subordinado. Além disso, o fato era do conhecimento do coordenador estadual do órgão Osanah Rodrigues Setúval, indicado para o cargo pelo então ministro, em substituição a Gerardo Azevedo Júnior, do Partido dos Trabalhadores.

Além dessas mazelas, apesar da importância do projeto para a agricultura irrigada em Livramento, hoje 2º pólo de produção de manga da Bahia, além do maracujá, o sistema de irrigação também está tecnicamente ameaçado e pode entrar em colapso a qualquer momento. O risco está na falta de manutenção, envolvendo a barragem, inaugurada há mais de 20 anos, e o canal de distribuição; bem como no seu uso para irrigar o triplo (cerca de 15.000ha) da área para a qual fora inicialmente projetado (5.000ha).

FALTAM PROVIDÊNCIAS

Estima-se que o faturamento da produção obtida com a irrigação gire em torno de R$1 bilhão, mas isso não tem sido suficiente para sensibilizar autoridades e produtores para a necessidade de conservação dos equipamentos. A parede do açude e o canal a céu aberto que leva água para as lavouras apresentam fissuras que estão a exigir profunda análise técnica, pois, aparentemente, demonstram ser de alta gravidade. Ademais, uma peça da comporta quebrou-se, pelo desgaste natural, e a operação de abertura e fechamento está sendo feita de forma improvisada.

Após mais de 20 anos sem manutenção adequada, a comporta poderá emperrar a qualquer hora. O mais provável é que isso ocorra com ela fechada, impedindo a liberação da água para irrigação, mas poderá acontecer com ela aberta, provocando o esvaziamento descontrolado do manancial. Tudo isso é do conhecimento da Coordenação Estadual do DNOCS, para onde já foram enviados vários pedidos de providências, segundo garante o chefe local do Departamento, Pedro Antônio Oliveira Lima.

Dando a impressão de que assistem a tudo de camarote, estão os produtores e as autoridades estaduais e municipais, parlamentares inclusos. Parecem ignorar que se o sistema entrar em colapso, qualquer que seja o motivo, será um desastre para a economia do município, hoje sustentada na agricultura irrigada, afetando, também, a produção estadual.

Com informações do Mandacaru da Serra

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