quinta-feira, 21 de março de 2013

Autoridades permitiram o abuso dos irrigantes



Habemus papam! “Graças a Deus e viva Jorge Mario Bergoglio, papa Francisco I”, hão de dizer os católicos do mundo inteiro. Não habemus água!“Socorro glorioso São José”, hão de gritar, ávida por água, a população do sertão de Livramento de Nossa Senhora, Bahia.

A situação da falta d’água no município caminha para o agravamento e a Embasa já pediu à população para racionar, o que o faz com certo atraso. O secretário de obras Nilson Santana Dantas informou que estão sendo dispensados carros-pipa do Exército por falta d’água.

Para resguardar a população pelo menos até julho de 2014, a Embasa solicitou da Agência Nacional de Água (ANA) a redução da vazão da Barragem Luis Vieira para 130 litros por segundo. Acima do necessário, que seria de 87 litros por segundo.

A diferença seria para compensar perdas no trajeto. Mas, além dessa perda natural, a água vinha sendo desviada em torno de 40% por irrigantes e donos de pousadas, em Rio de Contas, desrespeitando proibição da ANA. Por isso, falta água para os pipas e a Embasa. As autoridades permitiram o abuso dos irrigantes.

O secretário informou que o prefeito Paulo Azevedo solicitou da ANA aumento da vazão para 190 litros por segundo. A medida é temerária e pode antecipar o esgotamento da barragem. Antes, é preciso apreender as bombas que desviam a água para outros fins.

Pelos cálculos da ANA, a população atendida, em Rio de Contas, Livramento e Dom Basílio, é de 68 mil pessoas, que precisam de 7.480 m³ por dia. Assim, os 11.232 m³ (130 litros por segundo), são suficientes para o atendimento, não necessitando aumento de vazão.

O prefeito não informou a quantidade necessária, para justificar essa solicitação aleatória de aumento da vazão, que chega a 50% da atual, o que, em tese, abreviaria a previsão da ANA, para secar a barragem, de julho para o início de 2014.

O secretário Nilson Dantas informou que prepostos do INEMA, com apoio de policiais, estão intensificando a fiscalização. A situação é gravíssima e o mínimo a ser feito é apreender equipamentos de bombeamento e responsabilizar os que violam a proibição da ANA.


Por Raimundo Marinho/Jornalista
Mandacaru da Serra

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