quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Exposição no Mauá mostra o artesanato de Rio de Contas

Objetos em madeira e metal, crivo rústico, renda de parede, couro e artesanato de festas populares fazem parte da exposição Um Rio de Contas e Tradições, que acontece no Instituto de Artesanato Visconde de Mauá, no Pelourinho, instituição vinculada à Secretaria do Trabalho Emprego Renda e Esporte da Bahia (Setre).

A exposição, que faz parte da Sala do Artista Popular (SAP), traz a riqueza e diversidade da arte popular de Rio de Contas, cidade localizada na Chapada Diamantina.
A mostra fica em cartaz até 30 deste mês, com entrada gratuita, e o horário para visitação é de segunda a sexta-feira, das 9 às 18h, e aos sábados, das 9 às 14h. De 11 de dezembro de 2008 a 18 de janeiro de 2009 a exposição vai para o Rio e Janeiro.

Simplicidade

As bolsas, caixas e baús feitos em couro pelo artesão Nelson dos Santos, 67 anos, chama a atenção pela simplicidade e beleza. “Todo o processo para fazer uma peça como essa que está aqui na exposição leva em média três dias”, explica Nelson, que desde os 16 anos de idade trabalha como artesão. Ele aprendeu o ofício com o pai. “Infelizmente, meus filhos não seguiram o mesmo caminho”, lamenta.

O crivo rústico é um das tipologias de artesanato típica do município de Rio de Contas. Representado na exposição pelas bolsas, forros de almofadas e cobertores, o crivo rústico é uma das poucas expressões que não se encontram em situação de risco por ainda existirem muitas bordadeiras em atividade como Izaura Nascimento, 66 anos, mais conhecida como dona Nena.

Ela conta que aprendeu o ofício depois que deixou para trás a casa onde morava, devido à construção de uma barragem. “A gente tirava nosso sustento da terra. Como não tinha mais terra, as mulheres tiveram que arrumar outro jeito de ganhar dinheiro. Foi aí que aprendi a fazer o crivo”, lembra dona Nena.

Preservação

A diretora do Instituto Mauá, Emília Almeida, explica que a exposição abrange todo o trabalho que a unidade desenvolve - o fomento, a comercialização, e principalmente a preservação e a história do artesanato baiano – e que, “para manter a preservação desse rico artesanato, o Mauá realiza atualmente, em Rio de Contas, as oficinas de crivo em parede, metal e madeira, e máscaras”.

O secretário da Cultura, Márcio Meireles, afirma que a vinda da SAP para a Bahia é o indício do interesse que o Governo do Estado tem destinado à arte, cultura e preservação da história.

Responsável pelo projeto da SAP, Ricardo Gomes Lima ressaltou a importância da preservação do artesanato brasileiro “que traz, além da beleza, a história do nosso país”.

SAP

Iniciativa de sucesso no Rio de Janeiro, desde 1983, a Sala do Artista Popular chega pela segunda vez a Salvador, com a metodologia do Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular do Instituto (CNFCP) do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) do Ministério da Cultura.

De 15 de maio a 14 de junho deste ano, Salvador recebeu, pela primeira vez, a SAP com a mostra “O traiado e o urdido: tecidos de buriti dos Gerais da Bahia”, reunindo trabalhos artesanais produzidos com a palha do buriti por mulheres do município de Cocos, no cerrado baiano.

A nova exposição da SAP é resultado do projeto Artesanato Tradicional de Rio de Contas, desenvolvido pelo CNFCP e a Associação de Amigos do Museu de Folclore Edison Carneiro, com o apoio das Secretarias de Cultura e do Setre, com o objetivo de apoiar o desenvolvimento das atividades artesanais encontradas em Rio de Contas. O projeto tem o patrocínio do Programa Monumenta, do Iphan.


Fonte: AGECOM

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