segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Considerações sobre o carnaval em Rio de Contas


Passado mais um carnaval, em que nossa pequena cidade histórica foi invadida por milhares de foliões, produzindo toneladas de lixo, muita poluição sonora para os moradores e muitas baixarias musicais, é hora de fazer um balanço.

Ao contrário de alguns, que são contra o carnaval, sempre fui à favor de sua realização. Tampouco sou desses "passadistas" que só gostam de marchinhas antigas. Acho que as coisas tem que mudar, evoluir, acompanhar os tempos.

Então, pra não ficar só criticando, aqui vão algumas sugestões para que os próximos carnavais possam ser melhores:

1) Em primeiro lugar é preciso tirar os automóveis da cidade, exceção feita para os carros dos moradores, é claro, que poderiam receber um crachá para poderem entrar e sair.
O melhor é que se criasse uma grande estacionamento fora da cidade, e se colocasse um "trenzinho", ou uma jardineira, algo assim mesmo bem rústico, para levar os turistas para as casas alugadas. Assim se mataria dois coelhos de uma só vez. A cidade ficaria livre do "som automotivo", que inferniza quem não aluga suas casas, e dos engarrafamentos.
Isso também facilitaria o trânsito das viaturas da polícia e do SAMU, que este ano não conseguiam trafegar devido ao atravancamento dos carros.

Estive em Jericoacoara, no Ceará, e lá existe uma jardineira dessas para levar os turistas, do estacionamento para os hotéis e pousadas (foto acima). Posso garantir que os turistas adoram. Começam logo a tirar fotos na jardineira, que faz parte do ambiente diferenciado.

2) É preciso também ter um plano de contingência para caso de ocorrer um incêndio, que poderia destruir nosso patrimônio histórico, o patrimônio particular de moradores e turistas, além de ameaçar a própria vida dos foliões. Olhem o exemplo da boate Kiss, em Santa Maria. Não dá pra imaginar que nunca vá acontecer, inclusive porque muitos vendedores ambulantes trabalham com bujões de gás em barracas de lona. O certo é ter um plano de fuga e um carro de bombeiro a postos.

3) Bom, outra sugestão é quanto a qualidade das músicas. Reclamação já antiga. As baixarias musicais atraem um tipo de público também de baixa índole moral. É isso que temos visto. Na segunda-feira, uma banda tocava uma música que dizia o seguinte:
A periguete te boca, a piriguete quer boquete, quer boquete, quer boquete...
O que dizer a respeito? Como levar sua família para um carnaval deste nível? Será que não há nada melhor? Nem em Salvador se vê tanta baixaria como em Rio de Contas.
Nada impede a prefeitura de estabelecer cláusulas no contrato das bandas impedindo músicas deste tipo, ofensivas às famílias da cidade. Até que ponto vamos aguentar tudo isso?
Não se trata de querer apenas músicas antigas, mas será que não existem músicas novas melhores do que isso? Porque não fazer um concurso de marchinhas de carnaval com os músicos locais, cujas vencedoras fossem também tocadas, junto com os sucessos do carnaval de Salvador?

4) Por último gostaria de resssaltar a diferença entre os três primeiros dias, com a abertura , o Rei Momo, etc e tal, os bailes à Fantasia e Vermelho e Preto, tradicionais da cidade, quando se pode ainda curtir um carnaval gostoso e descontraído, e o caos que se estabelece depois que o palco principal começa a tocar as porcarias de sempre.

Quanto ao som automotivo, este ano houve uma pequena melhora, em relação a anos anteriores, graças à iniciativa do Ministério Público e de setores da cidadania, mas o melhor mesmo era tirar os carros da cidade.

Só pra concluir, enquanto Rio de Contas afunda seu carnaval na mais completa baixaria, Vitória da Conquista está investindo no carnaval tradicional, atraindo um público que tradicionalmente vinha para a Chapada, invertendo a lógica que impera nas cidades históricas brasileiras.

Do Blog O Paiz

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