segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Incêndios voltam a atingir a APA Serra do Barbado em Rio de Contas

Confiram o depoimento da Gestora da APA Serra do Barbado, Ana Paula Soares:

Infelizmente, temos mais este episódio para aumentar as estatísticas de áreas queimadas.

A região em questão, faz parte da cadeia de montanhas que margeia a Barragem, a Serra do Molhado e o Matinho Grosso. Infelizmente a área de abrangência do fogo atinge a, aproximadamente, 25 nascentes, e pelo menos 50% destas nascentes desaguam na barragem Luís Vieira, a Barragem do Brumado, que já está nos periclitantes 28 milhões de metros cúbicos.

Onde será que isto vai parar?

Só para esclarecer, a capacidade da barragem é de 105 milhões de metros cúbicos.

Além disso, como esta barragem foi inaugurada no início da década de 80, e nunca foi desassoreada, os técnicos do DNOCS estimam que, pelo menos, 5 milhões de metros cúbicos dos 28 não são de água, e sim de terra e areia que foram sendo acumuladas nestes 30 anos de existência. Portanto, temos hoje, estimado pelos técnicos do DNOCS, um total de 22 milhões de metros cúbicos apenas para atender Rio de Contas, Livramento e Dom Basílio. E não temos previsão de chuvas por tão cedo.

Quando a barragem chegar a 15 milhões de metros cúbicos não poderá mais fornecer um litro de água sequer para a agricultura. É a vazão ecológica, só para consumo humano e dessedentação animal. E, infelizmente, a agricultura regional poderá sofrer um grande baque. E isto afetará comércio, serviços, de forma geral, na região toda, que já tem o seu arranjo produtivo organizado em torno desta realidade regional.

E vendo isto tudo, me pergunto: Porque as pessoas ainda colocam fogo? Num período de estiagem? Porque não é só chuva que abastece a barragem, mas as águas subterrâneas que afloram como nascentes e olhos d'água. Cada vez que desmatamos, estamos impermeabilizando o solo, e isto torna o lençol freático cada vez mais, indisponível.

Estamos numa região de semiárido. O nordeste só conta com 3% de toda a água brasileira, e mesmo assim, continuamos maltratando nossas águas de todas as formas. Onde isso vai parar?

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