sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Maior produtor de flores fatura mais R$ 1 milhão

Por Jeremias Macário

No Estado, o município de Maracás, que já tem seu projeto consolidado depois do acompanhamento do Sebrae, é hoje o maior produtor de flores temperadas, seguido de Vitória da Conquista, Bonito e Morro de Chapéu.

Para se ter uma idéia, em 2000, Maracás comercializou apenas R$22 mil e neste ano deve alcançar R$1,2 milhão, beneficiando 230 famílias de pequenos e médios produtores. Somente um produtor está faturando por ano com 1.8 hectares mais de R$600 mil, vendendo para a região e Salvador.

Quanto a Vitória da Conquista onde o Sebrae está atuando há três anos, o gestor regional do Projeto de Flores, Jorge Brito, afirmou que o avanço de lá para cá foi extraordinário, passando de um comércio de 12 dúzias de rosas por mês para seis mil dúzias, com boa qualidade, isto através de 10 filiados da Cooperativa de Jovens Produtores de Flores (Floralcoop).

Na região, o município vizinho de Barra do Choça, que também participou ontem do I Seminário de Fortalecimento do Segmento de Flores Temperadas da Bahia, em Vitória da Conquista, implantou sua cooperativa com 11 associados. O evento, realizado pelo Sebrae/Bahia, contou ainda com as presenças de produtores da Chapada Diamantina e de outras regiões do Estado.

TECNOLOGIA E RENTABILIDADE

Quando iniciou, cada cooperado de Conquista tinha uma ajuda de custo de R$30,00 por mês da Prefeitura Municipal e hoje cada um retira R$800,00 mensais de suas atividades. Fora isso, existem mais 30 independentes no povoado de Lagoa das Flores, e o maior deles é o senhor José Santana Menezes com seis hectares abertos e um coberto, usando as mais modernas tecnologias.

Antes ele atuava na área de horticultura, mas há seis anos decidiu mudar de ramo e está se dando bem. Com o tempo, Santana observou que o consumo de flores vinha todo de fora e partiu para a atividade.

Para produzir flores de qualidade, com tecnologia e usando os insumos necessários, José Santana aponta que o investimento no setor é alto, em torno de R$300 mil por hectare, incluindo estufas, mudas, mão-de-obra e outros gastos, mas que compensa, registrando no seu caso, uma rentabilidade de mais de 100%.

Na sua área o produtor emprega 35 funcionários. A sua intenção é ampliar o espaço e cultivar mais para atender o mercado interno. A maior parte da sua produção é vendida para sul e o extremo-sul da Bahia. Disse que o produtor local leva mais vantagem sobre os produtos comercializados de fora porque os custos são menores e o produto é de melhor qualidade, especialmente por ser colhido na hora, oferecendo maior durabilidade.

Santana recomenda a aplicação de mais tecnologia nas culturas, mais variedade e o emprego de mão-de-obra qualificada. Ele espera que depois do Seminário de Flores Temperadas, em Conquista, os investimentos do setor privado cresçam, tendo em vista que até o momento a atividade está mais focada na área social através de cooperativas.

A tesoureira da Floralcoop – Cooperativa de Jovens Produtores de Flores de Vitória da Conquista, Darlete Oliveira, afirmou que o projeto hoje consegue produzir 500 dúzias por semana, ocupando um hectare e meio, mas houve uma queda por causas das chuvas. Para ela, a cooperativa elevou a produção, especialmente de rosas, que já é toda comercializada no mercado de Conquista para diversas floriculturas e decoradoras.

Apesar do crescimento da produção, mais de 80% das flores consumidas em Conquista ainda são de outros estados. Em sua opinião, o município ainda precisa melhorar a qualidade e a variedade das flores produzidas.

MERCADO POTENCIAL

Para Jorge Brito, gestor do Sebrae, a Bahia possui um mercado potencial, em torno de mais de 70% do consumo, acrescentando que em Conquista a maioria já prefere comprar as flores produzidas no município. Na sua avaliação, as flores de Conquista apresentam uma boa qualidade, não devendo nada a outros estados.

A falta de empréstimos por parte do segmento financeiro é uma queixa geral dos técnicos e produtores, mas Brito informou que está se tentando formar parcerias para se quebrar essa barreira.

O consultor executivo do Projeto de Flores da Chapada Diamantina, Alexandre Melo, defende a abertura de linhas de crédito, mas pondera que antes se deve fazer um planejamento para que o produtor invista bem e não tenha perdas e prejuízos.

Alexandre informou que em Bonito, Seabra, Rio de Contas, Mucugê e Morro de Chapéu existem 50 produtores que ainda não estão totalmente engajados na gestão do Sebrae, mas que tudo está sendo feito para melhorar o acompanhamento. “Queremos formar um pólo produtor na Chapada para ampliar o comércio que já atende Conquista, Feira de Santana e Salvador”.

Para os produtores, a maior dificuldade é o acesso à comercialização, mas na sua avaliação, de acordo com pesquisas efetuadas, as flores da Chapada ainda carecem de qualidade, regularidade na entrega e competitividade nos preços, daí a grande entrada dos produtos de São Paulo e Minas Gerais. “Estamos trabalhando para oferecer maior uniformidade e ganhar mais espaço”.

A produtora de flores e cooperada do município de Bonito, Margarida Bispo de Souza, há dois anos e meio atuando na atividade, disse que a produtividade da cultura ainda não é o ideal, apontando como maior problema da região, inclusive em Morro de Chapéu, a falta de água. O projeto de Bonito conta hoje com 15 pequenos produtores, além de independentes que comercializam com Itaberaba, Feira de Santana, Jacobina e Irecê.

Fonte: Blog do Paulo Nunes

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