quarta-feira, 8 de abril de 2009

Continua as críticas a destinação futura do esgoto de Rio de Contas

Coliformes? Isso é demais!

A Embasa ampliou o reservatório de água da estação de tratamento de Livramento de Nossa Senhora, Bahia. Na verdade, construiu um reservatório adicional, aliás, agredindo a bela paisagem próxima à igreja de Santo Antônio, ao pé da Serra das Almas. Quis aumentar o fornecimento de água tratada, atualmente deficitário devido à superação do sistema de tratamento e distribuição. Há necessidade urgente de investimentos no setor, para corresponder à demanda provocada pela nossa acelerada expansão urbana.

Mas nenhum pio foi dado, pelas autoridades, sobre a contaminação que vem dos esgotos da vizinha Rio de Contas, apesar da alta gravidade da situação. O silêncio inclui, além dos gestores públicos, muitas outras pessoas, como comerciantes, médicos, dentistas, advogados, produtores rurais, educadores, donas-de-casa, estudantes, trabalhadores e líderes religiosos. Há exceções, claro.

Até a Câmara de Vereadores, que havia reagido à altura, não mais tocou no assunto e morreu a idéia de criação de uma comissão, da Casa, para investigar o caso e propor soluções. Somente o vereador José Araújo, pelo que se sabe, é que ainda se esforça para não deixar o assunto morrer. Vale lembrar que a questão é grave, embora os efeitos só se tornarão visíveis no médio e longo prazo, exigindo medidas preventivas agora.

DISTÂNCIA NÃO PURIFICA

Algumas pessoas estão acreditando que o saneamento da cidade de Rio de Contas, cuja obra está em execução, será melhor para Livramento e região abaixo, mesmo com os resíduos finais jogados em nossa cachoeira. Entendem, a nosso ver de modo equivocado, que hoje os dejetos sanitários daquela cidade são despejados diretamente no Rio Brumado, sem tratamento, e que, com o novo sistema, continuarão sendo jogados, mas tratados. Portanto, segundo esse pensar, a situação ficaria bem melhor.

Cuidado, porém, com essa argumentação, pois Rio de Contas tem atualmente um sistema de fossas que, mesmo antigo e precário, recolhe parte dos dejetos. O que não é absorvido pelas fossas é que vai para o Rio Brumado, embora em quantidade e infecção suficientes para contaminá-lo e colocar em risco a saúde da população a vazante.

Tem sido dito, ainda, que a distância e as quedas d’água entre Rio de Contas e Livramento atuariam na purificação da água. Trata-se, porém, de outra falsa informação, pois a distância mínima para que isso ocorra é de 25 km e, no caso, a distância é de menos de 10 km.

Com o novo sistema, em Rio de Contas, todos os dejetos, ao invés de parte, como atualmente, serão lançados no Rio, embora supostamente tratados. Por que supostamente? Porque o tratamento previsto consiste apenas na filtragem dos elementos sólidos e na decantação. Apesar de ser um processo moderno, não inclui a desinfecção, como seria o desejado, do resíduo líquido a ser jogado na cachoeira.

CONTROLE NÃO É CONFIÁVEL

Não temos informações técnicas do grau da contaminação, mas certamente será em nível grave, suficiente para ameaçar a saúde da população consumidora da água, de forma direta ou por meio da ingestão de produtos por ela irrigados. Igualmente não se sustenta a crença de que a água passará pelo tratamento químico, à base de cloro, quando chegar à estação de Livramento, uma vez que ele beneficia apenas a zona urbana.

A tudo isso, acrescente-se o fato da gestão e monitoramento das estações, feitos pela Embasa, não inspirarem a mínima confiança. O seguro mesmo é que se evite, de todas as formas, que os dejetos, ainda que com o tratamento anunciado, sejam atirados em nossa bela cachoeira. Mesmo porque existem alternativas. Considere que, se não houvesse realmente perigo, os dejetos não seriam lançados bem distantes (2.500m) da área de influência da cidade de Rio de Contas.

Já temos tudo de ruim, em nossa região, não necessitamos de coliformes fecais. Todo o dito aqui se aplica à nossa estação de tratamento de esgotos (o “pinicão” de Livramento, clique aqui para ver matéria anterior), que não trata nada e o seu resíduo líquido e contaminado é despejado no Rio Taquari, tornando-o morto e fonte de doenças para os ribeirinhos, incluindo o Rio Brumado, do qual é afluente. É hora de acionar as autoridades. Sim, elas mesmas, nas quais sempre votamos!

(clique aqui para ver informações sobre tratamento e contaminação da água por coliformes totais e fecais)

Fonte: Mandacaru da Serra

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