quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Quilombo riocontense em exposição no Ceará

Olhares, paisagens, expressões faciais, moradias, assim como a esperança, o descaso, o orgulho e também o cotidiano dos moradores de onze comunidades negras, remanescentes dos quilombos brasileiros, foram captados pelas lentes do fotógrafo documentarista paulista André Cypriano, que levou quatro anos para realizar o trabalho. Vinte sete fotografias das milhares feitas em negativo convencional e depois submetidas a tratamento digital podem ser vistas a partir de hoje, às 19 horas (para convidados; e amanhã, aberta ao público em geral), no Centro Cultural Banco do Nordeste. A exposição "Quilombolas - Tradições e Cultura da Resistência" fica em cartaz na cidade até o dia 29 de janeiro, e depois segue para Juazeiro do Norte.

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Verdadeiro valor

Os quilombolas visitados pelo fotógrafo e o pesquisador foram Cafundó (SP), Itamatatiua (MA), Oriximiná (PA), Kalunga (GO), Mocambo (SE), Rio de Contas - Barra do Brumado (BA), Tapuio (PI), Curiaú (AM) e Mumbuca (TO) e Conceição dos Caetanos (CE). Em território cearense, Cypriano apontou suas lentes para os moradores afrodescendentes da comunidade que fica em Tururu, localizado a 168 quilômetros de Fortaleza, com 130 famílias, e práticas culturais distintas.

Terminado o trabalho, veio a constatação: "Descobrimos muitas coisas boas. Mas vimos também que as pessoas não fazem o que devem fazer pelos quilombos. A escravidão no Brasil é um passado recente, nós devemos nos sentir responsáveis até hoje e tentar reparar nossos erros, dar o verdadeiro valor aos negros, o valor que eles merecem. Eu me sinto culpado pela escravidão e acho que todo o Brasil deveria se sentir também. Temos que apoiar a cultura quilombola, dar condições de manutenção às comunidades. E não estou dizendo que eles têm que se urbanizar, se enquadrar na realidade urbana. Acho que eles são lindos como são, mas algo tem que ser feito. Um desenvolvimento com muito cuidado".

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A mostra, que teve início em 2007, foi concebida inicialmente para passar por poucas cidades. No entanto, devido ao interesse de público e de órgãos institucionais de cultura, já circulou por cidades como Assunção, Buenos Aires, Montevidéu, La Paz, Lima e Bogotá. Desta nova fase, fazem parte as exposições no Ceará. Juazeiro do Norte abrigará a mostra entre 5 de fevereiro e 5 de março, no Centro Cultural Banco do Nordeste da cidade. Em Fortaleza, a exposição tem patrocínio da Petrobrás e apoio do Banco do Nordeste, Ministério da Cultura, Secretaria Especial de Políticas para a Igualdade Racial e Fundação Cultural Palmares.

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Mais Informações:
Exposição "Quilombolas -
Tradições e Cultura da Resistência"
FORTALEZA
Abertura hoje, a partir das 19h, até 29 de janeiro
Local: Centro Cultural Banco do Nordeste (Rua Floriano Peixoto, 941 - Centro)
JUAZEIRO DO NORTE
Data: 05 de fevereiro a 5 de março
Local: Centro Cultural Banco do Nordeste (Avenida São Pedro, 337 - Centro)

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Fonte: Diário do Nordeste

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