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Era impossível passar pela Estrada Parque (BA 148) entre Rio de Contas e Livramento de Nossa Senhora sem avistar a Nega do Zofir. De tão popular, a pedra pintada em 1967 acabou virando símbolo de Rio de Contas, cidade no Sul da Chapada Diamantina, a 570 quilômetros de Salvador. Com a derrubada da obra em um ato de vandalismo, a cidade perdeu um marco, para quem está de passagem. Mas para a população local, perdeu muito mais. “É como se fosse um ente querido que morreu”, resume o agente Robério Souto, na delegacia de polícia.
A Nega do Zofir era uma pedra semelhante a uma cabeça humana, que a imaginação do artista plástico Zofir Brasil, morto em 1990, transformou em escultura. Pintada como uma negra, de cachimbo (uma grande lata improvisada), touca vermelha e brincos, foi batizada como “Escrava da Natureza”. Alguns, passando pela rodovia pensavam se tratar de um saci. Mas a aceitação popular a transformou em Nega do Zofir, com direito a placa na estrada e visita de turistas, que paravam para tirar fotos na vista privilegiada.
Roberto Pereira, 29 anos, que cresceu ao pé da escultura na pequena propriedade da família, não se conforma. Diz que ali era seu local de passeio aos domingos. “Dá uma tristeza muito grande ver o Morro da Nega sem ela lá em cima. É muita perversidade de quem fez isso”, lamenta, balançando a cabeça, com os olhos marejados e uma expressão de velório.
O caso está sendo investigado, mas a polícia diz ainda não ter suspeitos da autoria do atentado. Acredita-se que o crime ocorreu na noite de segunda-feira, pois há testemunhas que dizem ter avistado a escultura naquela noite e no meio da manhã seguinte alguém passou e percebeu a ausência. Supõe-se também que mais de uma pessoa participou, pois o esforço de deslocar a pedra seria excessivo para uma só.
No curto trajeto pela mata, entre a estrada e o local da escultura, o criminosos ou os criminosos, cortaram uma árvore conhecida como gonçalo alvo. A parte mais grossa do tronco foi usada como alavanca e ficou largada ao lado de onde ficava a Nega. Notam-se também algumas pedras menores que serviram para apoiar a alavanca.
Pequenos pedaços da pintura se partiram logo no início da queda, mas a maior parte da pedra rolou morro abaixo, até aproximadamente 200 metros, amassando e arrancando capim e árvores baixas.
“Gente daqui acho difícil de ter sido. Todo mundo gostava muito dela”, analisa o tesoureiro do Sindicato dos Trabalhadores Rurais, Antônio dos Reis. “Rio de Contas foi premiada como cidade que preserva a cultura. Isso desperta inveja”, especula a artesã Marlene Cotrim, que vende em sua pequena loja reproduções da Nega do Zofir, um dos souvenirs mais populares da cidade turística.
“Todo mundo cresceu com ela ali. Agora ficou um vazio e traz uma perda de identidade que provoca prejuízos para a cidade”, admite o secretário de Turismo, Marcelo Badaró. Ele diz que não sabe ainda o que irá fazer, se uma réplica ou uma tentativa de restaurar e recolocar a escultura original no lugar, mas acha que vai precisar da ajuda de algum órgão estadual ou nacional de preservação do patrimônio, para solucionar o problema.
Aliás toda a obra de Zofir na cidade está requerendo cuidados. A família improvisou um museu em uma casa na Praça do Rosário, mas o espaço é pequeno para a quantidade de criações. O museu não tem funcionários e não abre permanentemente. Quando há solicitações de turistas ou guias, o responsável pelo acervo, Paulo Roberto Pereira Silva, abre a casa. “A filha de Zofir quer implantar um museu em um espaço maior, mas ainda não houve recursos para isso”, justifica Paulo Roberto, que é casado com uma sobrinha de Zofir e se revela fã incondicional das criações do artista, que um dia foi chamado de “O fabuloso Zofir” em texto do cineasta Walter Salles, que esteve em Rio de Contas por alguns meses, gravando seu filme Abril despedaçado.
As fotos de Reginaldo Pereira mostram uma reprodução de quando a Nega ocupava seu lugar na serra, a placa de estrada que indica o lugar, o lamento do vizinho Roberto sobre os restos e uma das muitas miniaturas que se fazem e vendem em Rio de Contas
A Nega do Zofir era uma pedra semelhante a uma cabeça humana, que a imaginação do artista plástico Zofir Brasil, morto em 1990, transformou em escultura. Pintada como uma negra, de cachimbo (uma grande lata improvisada), touca vermelha e brincos, foi batizada como “Escrava da Natureza”. Alguns, passando pela rodovia pensavam se tratar de um saci. Mas a aceitação popular a transformou em Nega do Zofir, com direito a placa na estrada e visita de turistas, que paravam para tirar fotos na vista privilegiada.
Roberto Pereira, 29 anos, que cresceu ao pé da escultura na pequena propriedade da família, não se conforma. Diz que ali era seu local de passeio aos domingos. “Dá uma tristeza muito grande ver o Morro da Nega sem ela lá em cima. É muita perversidade de quem fez isso”, lamenta, balançando a cabeça, com os olhos marejados e uma expressão de velório.
O caso está sendo investigado, mas a polícia diz ainda não ter suspeitos da autoria do atentado. Acredita-se que o crime ocorreu na noite de segunda-feira, pois há testemunhas que dizem ter avistado a escultura naquela noite e no meio da manhã seguinte alguém passou e percebeu a ausência. Supõe-se também que mais de uma pessoa participou, pois o esforço de deslocar a pedra seria excessivo para uma só.
No curto trajeto pela mata, entre a estrada e o local da escultura, o criminosos ou os criminosos, cortaram uma árvore conhecida como gonçalo alvo. A parte mais grossa do tronco foi usada como alavanca e ficou largada ao lado de onde ficava a Nega. Notam-se também algumas pedras menores que serviram para apoiar a alavanca.
Pequenos pedaços da pintura se partiram logo no início da queda, mas a maior parte da pedra rolou morro abaixo, até aproximadamente 200 metros, amassando e arrancando capim e árvores baixas.
“Gente daqui acho difícil de ter sido. Todo mundo gostava muito dela”, analisa o tesoureiro do Sindicato dos Trabalhadores Rurais, Antônio dos Reis. “Rio de Contas foi premiada como cidade que preserva a cultura. Isso desperta inveja”, especula a artesã Marlene Cotrim, que vende em sua pequena loja reproduções da Nega do Zofir, um dos souvenirs mais populares da cidade turística.
“Todo mundo cresceu com ela ali. Agora ficou um vazio e traz uma perda de identidade que provoca prejuízos para a cidade”, admite o secretário de Turismo, Marcelo Badaró. Ele diz que não sabe ainda o que irá fazer, se uma réplica ou uma tentativa de restaurar e recolocar a escultura original no lugar, mas acha que vai precisar da ajuda de algum órgão estadual ou nacional de preservação do patrimônio, para solucionar o problema.
Aliás toda a obra de Zofir na cidade está requerendo cuidados. A família improvisou um museu em uma casa na Praça do Rosário, mas o espaço é pequeno para a quantidade de criações. O museu não tem funcionários e não abre permanentemente. Quando há solicitações de turistas ou guias, o responsável pelo acervo, Paulo Roberto Pereira Silva, abre a casa. “A filha de Zofir quer implantar um museu em um espaço maior, mas ainda não houve recursos para isso”, justifica Paulo Roberto, que é casado com uma sobrinha de Zofir e se revela fã incondicional das criações do artista, que um dia foi chamado de “O fabuloso Zofir” em texto do cineasta Walter Salles, que esteve em Rio de Contas por alguns meses, gravando seu filme Abril despedaçado.
As fotos de Reginaldo Pereira mostram uma reprodução de quando a Nega ocupava seu lugar na serra, a placa de estrada que indica o lugar, o lamento do vizinho Roberto sobre os restos e uma das muitas miniaturas que se fazem e vendem em Rio de Contas
Um comentário:
É quase impossível acreditar que um ser humano, por mais bárbaro que seja, seria capaz de usar o lado animal que nos persegue para cometer um crime dessa natureza contra uma das mais belas vistas que a chapada nos proporcionava, prefiro acreditar na erosão da rocha de sustentação da " Nega ", não consigo pensar em mais nada além disso.
Antonio Carlos - Livramento de Nossa Senhora-BA
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