Eufrásio Manuel traz a mistura do maculelê da Chapada Diamantina e do samba paulistano
Ouça o repique. E o tan tan também. Tem pandeiro, cuíca e reco-reco fazendo a base. É a percussão se mesclando aos acordes do violão e do banjo. Então, entra o cavaquinho frenético, a todo vapor. Bem agudo e incitante, dando a deixa para a voz: “Fica do meu lado, baiana Não largo mais do seu pé Teu cheiro é bom demais Adoro lhe fazer cafuné Quando eu ligo a TV Você abre aquele sorriso Eu não devo pensar Mas penso que ele é todinho pra mim” Essas são as primeiras estrofes da música “Fica do meu lado, baiana” de Eufrásio Manuel, 58 anos, autor do álbum independente homônimo que está gravando e morador fixo do bairro Ferrazópolis de São Bernardo há quatro anos. O disco com 12 faixas será lançado no próximo dia 16 de janeiro. “É samba de roda, samba raiz mesmo, daqueles que vêm do terreiro”, anuncia o compositor orgulhoso. Quando menino, Eufrásio, que nasceu na Bahia, no município de Rio de Contas, ia até o Quilombo da Barra na Chapada Diamantina para contemplar as rodas de maculelê com negros batendo palmas, sem muitos instrumentos e entoando hinos tão típicos da cultura nacional. Foi assim que se apaixonou pela raça intrínseca ao samba, vendo-a na origem. No sorriso do negro. “Aos 18 anos, quando vim para a Capital, percebi que o samba daqui vinha da favela. Era tudo completamente diferente de onde vim.” No entanto, Eufrásio não demorou a se adaptar. “Frequentei muito bar pelas madrugadas, com muitos parceiros de música. Sempre compondo ao lado de amigos e de uma cerveja. Assim fui e vou pela minha vida toda”, confessa o boêmio convicto. A história do sambista em São Paulo ocorreu ora morando na Capital, ora em São Bernardo. “A maior cidade do ABCD tem muita tradição moveleira e, como trabalhei bastante tempo com fábrica de móveis, então vivia por aqui. Devo muito ao Estado”, disse de forma respeitosa, mesmo com todo o revés que o lugar providenciou ainda nesta década. “Minha especialidade era projetar instalações de marcenaria para bingos e esse era um bom negócio, mas, infelizmente, veio a lei que tornou esse tipo de casa ilegal. Foi aí que levei um baita tombo.” Contudo, malandro levanta rápido, com ginga e molejo. “Hoje faço pintura em gesso e pela primeira vez meu hobby está sendo levado a sério. É o que gosto de fazer... Me fascina.” Fonte: ABCD Maior |
terça-feira, 29 de dezembro de 2009
Boemio, sim senhor
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