RIO DE CONTAS - Cortejo de baianas é uma tradição de qualquer carnaval. Já os baianos – homens vestidos de baiana – são mais raros. Mas não em Rio de Contas, na região da Chapada Diamantina. Baianos, baianas louras, crianças e adolescentes, todos se misturam na festa popular que reúne dezenas de milhares de pessoas e multiplica a população da pequena cidade nesta época do ano.
O desfile “interativo” percorre as ruas do centro histórico na segunda-feira decarnaval. A miscelânea de baianas dá bem uma ideia do que é o carnaval de Rio de Contas. O fato de a cidade vir promovendo a festa desde 1913 sem parar é um dos fatores que a transformaram em ponto de referência. “Aqui nunca deixa de ter carnaval, não importam as circunstâncias”, afirma o secretário de Governo, João Souto. Não existe uma estatística exata sobre o aumento populacional, mas o coordenador cultural da prefeitura, Fernando Pinto, estima que a sede do município passa de 5 mil para 40 mil pessoas durante a folia.
Só para organizar o trânsito, isolando algumas ruas do centro com cordas, trabalham 120 pessoas.Difícil é conciliar os gostos dos visitantes de todas as idades, que vem detodo lugar da Bahia e do Brasil. A organização da festa procura agradar os mais jovens e os mais velhos,montando dois palcos. Um só toca marchinhas e frevos. O outro toca axé e o quemais estiver na boca do povo jovem. Só que, como a mistura está mesmo entranhada no carnaval riocontense, os palcos ficam na mesma praça e os sons acabam se confundindo.
A tradição ganha também o reforço dos mascarados. A cidade organiza um concurso de máscaras e se aproveita delas até no trocadilho usado como slogan da festa deste ano: Somos caretas. A verba de R$ 60 mil da Bahiatursa é usada principalmente para bancar as despesas da parte mais tradicional, com a contratação das bandas locais Amigos de Rosalino, Panela de Barro e a Orquestra de Pé de Serra, importada da cidade homônima.
Porém, mesmo que não houvesse uma programação oficial, Rio de Contas teria carnaval de sobra. Isso porque cada grupo faz o seu por conta própria. O dia inteiro. Os turistas mais jovens ligam o som nos carros ou nas casas em que estão hospedados e despejam seus decibéis, enquanto bebem e dançam. Aí não tem vez para frevo nem para marchinha. É axé (com direito a variações que vão do arrocha à música eletrônica) até enjoar. A julgar pela animação, ninguém enjoa.
(Glauco Wanderley - Agência A Tarde)
Fonte: Carnaval da Bahia
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