Por Sérgio Rodrigues Barreto*
A cidade de Rio de Contas é riquíssima de história. É a segunda vila da Bahia, tem um dos sítios históricos mais bem preservados do Brasil, já teve ouro como moeda corrente e uma das poucas e melhores escolas da Província da Bahia. Mas, como se vê e se sabe, a história se transforma a cada instante. Veja, por exemplo, a educação.
O Brasil foi nascendo aos poucos e, desde o princípio, por mais que a Coroa Portuguesa tenha feito os “gentios” engolirem a seco a educação, esta sempre esteve presente. A princípio, somente o que interessava aos portugueses era o quanto eles lucrariam com as riquezas daquela “Índia”. Vista a necessidade de negociação com os estranhos, os interessados precisavam fazer-se bem-vindos. A mão de obra dos indígenas era indispensável tal como a inópia de se comunicar com eles. Sendo assim, os índios precisavam ser “educados” com a língua portuguesa, e aí entram os jesuítas. A igreja católica, mais predominante no mundo do que hoje, foi a grande educadora da América Portuguesa, difundindo o português e Deus pela colônia. Esta brevíssima introdução foi pra mostrar que a união entre Igreja e Estado sempre foi interessante para ambos os lados, em qualquer situação.
Quanto menor a cidade, maior a influência das igrejas, templos, e quaisquer outros meios de controle de massa por meio da palavra de um deus. Quanto menor a cidade, mais persuadida e conformada ela é – e isso continua sendo bom para ambos os lados. Rio de Contas é esta cidade: pequena, controlada e cedida para Estado e Igreja, sem contestação. Esta acomodação acarreta problemas sociais de desenvolvimento como para a educação. A Igreja católica, por mais que esteja perdendo espaço – para outras religiões mais radicais! –, continua imponente e prepotente, ostentando terras e mais terras, ganhando, obviamente, muito dinheiro com elas.
Para quem não sabe, existe um projeto já em bom andamento de uma Universidade Federal com campus em Rio de Contas. Este projeto pode trazer cursos superiores para dentro da cidade e, com certeza, reduzir a evasão da população – esta que não cresce desde 2000, segundo o IBGE. Como sabemos, o antigo CIRCEA (Centro Integrado Riocontense de Educação e Assistência) está parado desde o segundo semestre de 2007 e daria uma boa Universidade. Daria, se não fosse pelo exorbitante aluguel que a Igreja pede. Será que a Igreja católica, aquela que veio à América Portuguesa difundir a educação, que tanto dinheiro arrancou dos povos que dominou por onde passava – e passa –, será que esta Igreja puramente capitalista está pensando na educação do povo? Será que seria interessante pra ambos os lados que o povo leia outros livros além da Bíblia Sagrada? Será que, para a Igreja, devemos pensar nesse tipo de coisa? QUESTIONEM-SE!
*Sergio Rodrigues Barreto é estudante do Curso de História na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia - UESB. Foi morador de Rio de Contas por 9 anos.
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