O Notícias de Rio de Contas encontrou um relato sobre nossa cidade. Trata-se do crônica do ator Rony Cácio que é formado pelo curso livre de teatro da Universidade Federal da Bahia. Faz parte atualmente do Grupo de Teatro Comida dos Astros, um grupo de atores-cantores, que aposta no humor refinado, buscando a brasilidade antropofágica que utiliza liguagens multiformes como: música, teatro, paródia, rádio, arte culinária, tv e mimetismo.
O relato do ator está no blog do grupo comida dos astros, o "Rocamblog", confiram:
O dia em que salvei uma borboleta
O ano era 1998, tinha acabado de chegar em São Paulo e em dezembro, ganhei um gordinho prêmio ( pra época), do canal Multishow, que me deu a possibilidade de fazer aquelas viagens de final de ano para Bahia. Conheço bem a Chapada Diamantina, mais turística, a da região de Lençóis, coração da Bahia, mas o que muita gente não sabe é que tem uma parte que faz fronteira com Minas que é incrivelmente belíssima e foi numa dessas minhas aventuras que conhecí Rio de Contas. Esta cidade tem um dos lugares mais lindos que já fui, o Pico das Almas, que segundo informações é o lugar mais alto da região e que nos tempos pré colonização, os índios iam pra lá, descansar a alma.
Imagina você subir 1.958 metros que descortina numa vista indizível de realmente descansar qualquer espírito. Rio de Contas é uma cidade colonial das mais bem preservadas do Brasil, e que até foi cenário do filme, ‘Abril Despedaçado’ e um dos lugares mais claros que já freqüentei, lembro de ao meio dia, a cidade ficar um ermo, pois seus moradores vão para suas casas devido a luz viva, e quem conhece, esta peculiaridade, sabe que onde tem, muita claridade tem, muitas borboletas.
Eu existencialistinha que sou, sempre primei por não me afastar de minha essência, capiau-bugre-sertanejo-tabaréu e como tinha acabado de mudar pra São Paulo, a megalópole do afastar-se de si, estava inseguro quanto estar emparelhado do meu jeito indiado de ser. Saí pro quintal onde tinha um pé de erva cidreira e um borboletal de protagonizar a fotografia de qualquer filme de Kurosawa, fiquei contemplando aquela nuvem de borboletas de predominância amarela e na busca de encontrar-se com Cacinho, peguei um pedaço de melancia molhei a ponta do meu fura-bolo e levei a uma das centenas de borboletas que passavam a minha frente, e não é que uma delas pousou na ponta do meu dedo.Nunca mais esqueci esse namoro entre um caboclo e uma Choloepus didactilus. Chorei.
Morei um tempo no bairro da Aclimação e era freqüente minhas idas nas tardes ao Centro Cultural São Paulo e ali tem meio que despercebido, um jardim em frente a lanchonete, eu sempre chegava pegava um livro e ia sentar ao lado desse jardim, e numa dessas idas ao CCSP, na calçada do sebrae, olho pro chão e encontro uma borboleta amarela, com a asa machucada, e passantes transitando, quase a pisar, lembrei imediatamente da minha namorada amarela, peguei-a pus na palma da minha mão, molhei meu dedo de saliva e dei pra ela chupar com seu canudinho que lembra uma língua de sogra de aniversário, senti sua reação de melhora, parei em frente a uma vendedora de pokan, comprei uma, abri um bago e deixei sua linguinha de sogra deslizar pelos gominhos que eu estourava pra ela se deliciar, a danadinha, começou a bater asinha com mais vigor, deixei ela se recuperar um pouco mais e pus no jardim do centro cultural.
Desde então toda vez que vejo uma borboleta no chão, de asa quebrada...
O relato do ator está no blog do grupo comida dos astros, o "Rocamblog", confiram:
O dia em que salvei uma borboleta
Imagina você subir 1.958 metros que descortina numa vista indizível de realmente descansar qualquer espírito. Rio de Contas é uma cidade colonial das mais bem preservadas do Brasil, e que até foi cenário do filme, ‘Abril Despedaçado’ e um dos lugares mais claros que já freqüentei, lembro de ao meio dia, a cidade ficar um ermo, pois seus moradores vão para suas casas devido a luz viva, e quem conhece, esta peculiaridade, sabe que onde tem, muita claridade tem, muitas borboletas.
Eu existencialistinha que sou, sempre primei por não me afastar de minha essência, capiau-bugre-sertanejo-tabaréu e como tinha acabado de mudar pra São Paulo, a megalópole do afastar-se de si, estava inseguro quanto estar emparelhado do meu jeito indiado de ser. Saí pro quintal onde tinha um pé de erva cidreira e um borboletal de protagonizar a fotografia de qualquer filme de Kurosawa, fiquei contemplando aquela nuvem de borboletas de predominância amarela e na busca de encontrar-se com Cacinho, peguei um pedaço de melancia molhei a ponta do meu fura-bolo e levei a uma das centenas de borboletas que passavam a minha frente, e não é que uma delas pousou na ponta do meu dedo.Nunca mais esqueci esse namoro entre um caboclo e uma Choloepus didactilus. Chorei.
Morei um tempo no bairro da Aclimação e era freqüente minhas idas nas tardes ao Centro Cultural São Paulo e ali tem meio que despercebido, um jardim em frente a lanchonete, eu sempre chegava pegava um livro e ia sentar ao lado desse jardim, e numa dessas idas ao CCSP, na calçada do sebrae, olho pro chão e encontro uma borboleta amarela, com a asa machucada, e passantes transitando, quase a pisar, lembrei imediatamente da minha namorada amarela, peguei-a pus na palma da minha mão, molhei meu dedo de saliva e dei pra ela chupar com seu canudinho que lembra uma língua de sogra de aniversário, senti sua reação de melhora, parei em frente a uma vendedora de pokan, comprei uma, abri um bago e deixei sua linguinha de sogra deslizar pelos gominhos que eu estourava pra ela se deliciar, a danadinha, começou a bater asinha com mais vigor, deixei ela se recuperar um pouco mais e pus no jardim do centro cultural.
Desde então toda vez que vejo uma borboleta no chão, de asa quebrada...
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