Por Raimundo Marinho, jornalista
Foto: site http://www.dnocs.gov.br/barragens/brumado/brumado.htm
A mídia eletrônica regional divulgou a ida a Brasília, dia 15 deste, de um parlamentar e dos prefeitos dos municípios de Livramento de Nossa Senhora, Rio de Contas e Dom Basílio, Bahia, levando reivindicações ao Ministério da Integração Nacional. Uma das reivindicações, segundo o site L12.com.br, estaria relacionada ao suprimento de água pela barragem Luiz Vieira, no Rio Brumado, para irrigação em Livramento de Nossa Senhora.
A visita teria sido inspirada na movimentação dos fruticultores de Livramento e Dom Basílio ante o preocupante nível de água a que chegou a barragem, devido à longa estiagem que vinha castigando a região. Antes das recentes chuvas, o manancial estava com apenas 28,6 milhões de metros cúbicos de água, cuja capacidade total é de 105 milhões de metros cúbicos.
As preocupações, porém, sempre emergem quando a escassez de chuvas se alonga. É só chover, os ânimos se esfriam e o assunto é esquecido, para ser retomado na estiagem seguinte. Na verdade, a questão é milenar e, portanto, o ciclo climático e de chuvas não mudou desde a construção da barragem, na década de 1980. O que mudou, então?
A questão é que o açude foi dimensionado dentro da estrutura topográfica e hidrológica locais para armazenar água suficiente apenas para irrigar os 5.000 hectares do projeto do DNOCS. Ao ser controlada a vazão da água, porém, a população de Dom Basílio teve sua agricultura bastante prejudicada, à época baseada nas culturas de alho e cebola.
Atendendo reivindicação do prefeito José Maria Caires, daquele município, o ministro Vicente Fialho, do então Ministério do Interior, garantiu-lhe suprimento de água para 1.000 hectares, em caráter precário, até a construção, para solução definitiva, da Barragem do Rio do Paulo. A promessa foi cumprida e, em tese, os problemas estariam resolvidos.
Mas a ganância dos produtores, ante o sucesso do Projeto de Irrigação, usurpado dos antigos colonos, e da fruticultura, fez surgir uma área plantada, paralela ao projeto oficial, de mais de 10.000 mil hectares, ao longo do Rio Brumado, passando a 15.000 hectares, bem superior à capacidade de suprimento oferecida pela barragem.
Por óbvio, só um milagre de Deus, portanto, mudando o ciclo climático e de chuvas, poderia ser a solução natural da questão. Mesmo assim, surgiram propostas paliativas, discutidas pela Comissão Gestora da Água do Açude, que reúne produtores, representantes comunitários, do DNOCS e dos poderes públicos.
A proposta inclui o racionamento do uso da água - que vem sendo desperdiçada em antigos canais, pelo rio, por bombas poderosas e nos próprios lotes oficiais – e a construção de alternativas de armazenamento, aproveitando os períodos de chuvas, em que a água escorre rio abaixo sem ser retida. Todavia, suas excelências não levaram qualquer projeto pronto, nesse sentido, como seria o indicado, para a audiência com o ministro da Integração Nacional.
É pouco provável, assim, que a questão evolua para soluções práticas. Mesmo porque, quem encabeçou a visita ao Planalto Central foi o agora deputado federal Lúcio Vieira Lima, irmão do ex-ministro da mesma pasta, Geddel Vieira Lima, que, apesar de ter privilegiado a Bahia com recursos do Ministério, nunca deu atenção a essa questão.
Aliás, quando o entrevistamos, durante visita à nossa cidade, fizemos pergunta relacionada ao tema e ele respondeu, com certa rispidez, que não era ministro apenas de Livramento. O assunto é histórico, nasceu logo após a construção do açude, há quase 30 anos. Portanto, o passeio brasiliense do nobre parlamentar e dos excelentíssimos prefeitos foi mero bailado para o eleitorado em ano pré-eleitoral.
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