Se havia suspeita de contaminação da água consumida por boa parte da população de Livramento de Nossa Senhora, Bahia, agora começam a surgir certezas. Pelo menos uma confirmação foi feita, através do exame de uma amostra, feito pelo Laboratório de Controle e Qualidade de Água e Alimentos, do Departamento de Engenharia Agrícola e Solos, da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB, a pedido da Associação do Assentamento do Perímetro Irrigado do Brumado Bloco II.
O exame da amostra detectou, na “Contagem de Bactérias Heterotróficas (UFC/ml)”, o valor de 2.300, quando o “Valor Máximo Permitido” seria de 500 (Portaria nº 518, do Ministério da Saúde), conforme ressaltado no resultado da análise. O exame indicou, ainda, a presença de “coliformes totais” e “coliformes termotolerantes” acima de 8,0, para cada 100 ml, quando deveria existir índice zero. O resultado da análise microbiológica está datado de 26 de março de 2010.
“Bactérias heterotróficas” são as que se alimentam de matéria orgânica. “Coliformes totais” é a denominação dada a grupos de bactérias que não causam doenças, tem origem no intestino de animais de sangue quente. Já “coliformes termotolerantes” são exclusivamente do trato intestinal. Tem, portanto, origem fecal, indicando contaminação por outros microrganismos patogênicos, como os oriundos dos dejetos humanos.
FALTOU MANUTENÇÃO DA PREFEITURA
O presidente da Associação do Assentamento do Perímetro Irrigado do Brumado Bloco II, Waldir Sampaio dos Santos, o “Waldir da Barrinha”, explicou que a coleta da amostra foi feita na torneira da sua residência, no povoado de Barrinha, sob orientação dos técnicos da UESB. Informou que a água que abastece o local vem da tubulação que leva água para irrigação do chamado Bloco III do perímetro, ligada a um canal aberto vindo direto das proximidades da Cachoeira de Livramento, no Rio Brumado.
Waldir da Barrinha: contaminação é preocupante |
Segundo ele, a água, antes de ser distribuída para as residências, passava por um filtro, espécie de mini-estação de tratamento, cuja manutenção deixou de ser feita pela Prefeitura, há mais de cinco anos, sendo por fim retirado e nunca recolocado. Mesmo assim, a água continuou sendo utilizada para consumo humano, em residências, a maioria sem filtro doméstico; escolas; creches; e postos de saúde.
Depois que a Embasa passou a lançar no Rio Brumado os dejetos sanitários de Rio de Contas, ele resolveu, através da Associação, solicitar o exame da água, que vai para o canal de irrigação sem passar por qualquer tratamento. Estima-se que mais de 40 comunidades, representando cerca da metade da população do município, consomem da água sem tratamento, no entorno da cidade e ao longo do Rio Brumado.
SITUAÇÃO PODE SER MUITO GRAVE
A análise é restrita, não sendo suficiente para se afirmar que a contaminação constatada já seja conseqüência dos dejetos da cidade de Rio de Contas. Mas se ainda não for, a situação se apresenta ainda mais grave, significando que, quando houver a influência daquele lançamento, o quatro tenderá ficar pior, o que, para Waldir da Barrinha, vem deixando a população local apreensiva.
Waldir disse que pediu apoio da Comissão Gestora da Água das barragens Luiz Vieira, que irriga o Perímetro do Brumado, e do Riacho do Paulo, que abastece Dom Basílio. O pedido foi extensivo ao prefeito de Livramento, Carlos Roberto Souto Batista, integrante da Comissão, o mesmo que apoiou a decisão da Embasa de contaminar a água consumida pela população de Livramento, que poderia estar, hoje, 100% pura, sem dejetos.
Situação ainda pior é a de Bom Basílio que, além da contaminação vinda de Rio de Contas, recebe também a do “pinicão” de Livramento e das dezenas de pocilgas instaladas praticamente dentro do Rio Brumado. O certo é que a população é a única que paga pela inação e pelas conveniências pessoais, ou incapacidade, de certas autoridades.
Fonte: Mandacaru da Serra
Um comentário:
Tenho acompanhado algumas notícias sobre o tratamento de esgoto de Rio de Contas e acho que não está sendo bem analisada a questão do efluente:
1. Todos nós sabemos que muitas casas em RC não possuem fossa e mesmo que possuam, não são sépticas;
2. O esgoto sempre foi lançado no Rio Brumado(um absurdo);
3. A partir do esgotamento este efluente será Tratado. Isso significa que a partir de agora o Rio vai iniciar um processo de despoluição;
4. Minha opinião é que essa poluição pode ser anterior ao Sistema de Tratamento de Esgoto;
5. Acho que precisamos esclarecer melhor como funciona um sistema de Esgoto e somente depois começar a criticá-lo;
Não sou nem contra e nem a favor de político algum, mas sou a favor da limpeza do nosso meio ambiente e devemos prezar pelo bom funcionamento dos Sistemas de Esgotamento das cidades em questão.
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