Glauco Wanderley, da sucursal Feira de Santana
“Não dá pra dizer que me sinto realizado, mas me sinto bem”, brinca a baiana barbuda, que na verdade é o estudante André Reis, 23 anos, que pela quarta vez participa, a caráter, do desfile de baianas, um dos momentos mais importantes do Carnaval de Rio de Contas, na Chapada Diamantina. “É a única coisa que participo. Depois eu só assisto”, confidencia Julinda de Aguiar, 66 anos, esta sim uma baiana autêntica.
A cidade tenta durante o Carnaval fazer jus ao que se espera de um sítio histórico, estimulando a presença de bandas que tocam exclusivamente marchinhas e frevos. O roteiro da festa à moda antiga é completado pelos mascarados. Para eles existe até concurso na terça de Carnaval.
Mas nem tudo é tradição. Ao contrário, é ainda mais forte a presença do axé e outros ritmos mais ao gosto da juventude que toma conta da cidade, vinda da região e de outros pontos do Brasil. Para estes, a folia começa ainda durante o dia, com o som alto instalado nos carros ou na porta das casas.
Durante os shows noturnos, enquanto a banda Panela de Barro tocava relíquias como Alalaô e Cidade Maravilhosa, no outro palco, instalado na mesma Praça da Matriz, a elétrica Pegadonna desfiava o repertório completo do axé, temperado com adaptações do sertanejo e arrocha. A preferência da multidão recai sobre o axé, mas o palco tradicional tem seu público cativo, inclusive muitos jovens.
Marca – A tranquilidade é uma marca do Carnaval de Rio de Contas, o que faz com que o local seja preferido por quem quer distância de grandes centros como Salvador, mas não quer ficar sem curtir a festa.
A advogada goiana Renata Caetano, 35, diz que a música das bandas tradicionais faz com que ela se lembre da infância em sua terra natal, quando participava de bailes nos salões dos clubes. Ela descobriu o Carnaval em Rio de Contas há cerca de uma década e elogia a estrutura atual, dizendo que hoje há mais organização, serviços e segurança.
Outro fator que conta pontos para Rio de Contas é a natureza. Afinal, durante a maior parte do ano, são os passeios nas trilhas e cachoeiras que atraem os visitantes. “Além da parte tradicional, com as músicas e os desfiles de máscaras, tem a natureza, que eu gosto muito”, conta Estela Lemos, 48, baiana de Jaguaquara.
Com tantos pontos positivos, aliados ao fato de quem vem fazendo a festa desde 1913, a fama de Rio de Contas vai longe, o que faz a população ser multiplicada nesta época. O coordenador de eventos, Fernando Pinto, estima que a sede do município passa de cinco mil para 40 mil pessoas.
Fonte: Jornal A Tarde
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